NATAÇÃO
Promessa para os Jogos Olímpicos do Rio-2016, Majda Chebaraka deixa o Brasil
A atleta, de 13 anos, treinava em Brasília, onde conquistou quatro recordes juvenis. Apesar dos bons resultados, não conseguiu patrocínio
Braitner Moreira - Correio Braziliense
Publicação:
27/08/2013 11:43
Atualização:
27/08/2013 11:48
Majda Chebaraka resolveu aceitar o convite da Argélia para que defenda o país africano |
O Brasil perde, hoje, uma das principais promessas de medalha das próximas edições dos Jogos Olímpicos. Ao meio-dia, Majda Chebaraka, 13 anos, embarca de volta para a Argélia, depois de morar em Brasília por quatro anos. Estudando e treinando na capital do país, a atleta estabeleceu quatro recordes juvenis e se transformou no nome de mais destaque da geração anos 2000.
Sem apoio financeiro nem logístico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), a pequena sai com a promessa — feita pelo ministro do Esporte argelino, em visita a Brasília para conhecê-la — de um programa específico de treinamentos para que defenda a Seleção do norte africano.
Sem querer
Majda deixa o Brasil na esteira do encerramento da missão diplomática do pai no país. “Saio com um apertozinho no coração”, lamentou a tímida garota, ontem à tarde. O último treinamento à beira do Lago Paranoá ocorreu no clube da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), mais uma vez sob o comando do professor Hugo Lobo, treinador da Seleção Brasileira entre 1996 e 2007. Nessa sessão derradeira, a touca verde-amarela que ela gostava de vestir ficou de lado. “Já deixei embalada para levar comigo”, contou.
O acessório que Majda pretendia utilizar quando fosse convocada para a Seleção Brasileira de natação está guardado em uma das 17 malas que a família Chebaraka vai despachar. O retorno à Argélia vai durar 28 horas, tempo dividido entre o avião e o aeroporto. Mas um possível retorno está na cabeça da menina. A meta é voltar ao país para disputar as Olimpíadas do Rio, em 2016: “É só treinar, treinar, treinar. Eu amo isso aqui, não vou conseguir esperar a hora de pular na água outra vez”.
A promessa é de que ela terá um programa específico de treinamentos |
Mesmo focando no treinamento de base nestes primeiros anos de carreira, Majda coleciona boas marcas. Ela detém os recordes juvenis nacionais em quatro provas: 100m, 200m, 400m e 800m livre, contra adversárias mais velhas. “A Majda poderia ter sido a maior promessa brasileira da natação feminina nas Olimpíadas do Rio”, apontou Hugo Lobo, responsável por descobrir a menina.
“É de se lamentar que o Brasil não tenha interesse no talento juvenil. Só mesmo depois de conseguir medalhas é que há apoio”, lamentou Lobo. O Brasil jamais conquistou uma medalha olímpica na natação feminina. Mesmo com os resultados de Majda, ela não conseguiu nenhum patrocínio enquanto nadou em Brasília. Todos os custos de treinamentos e competições eram arcados pela família.
De volta a Argel, a garota ficará de férias até 2 de setembro, quando seguirá para o Collège Camille Claudel, em Montpellier, no sul da França. Passará a morar na cidade, a duas horas de viagem da Argélia. Também vai treinar por ali: a escola forma atletas, e se interessou por Majda quando ela venceu todas as provas que disputou no Campeonato Francês infantil, no ano passado.
diario de pernambuco
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